sexta-feira, fevereiro 22, 2008

Guia de nomenclatura de placas: nVidia


Não é raro ver gente se complicando na hora de interpretar aquela sopa de letrinhas – e números – que são os nomes – ou melhor, "códigos" – que identificam as placas de vídeo. "É melhor uma 6600GT ou uma 7300GT?"' "A 5200 é uma boa placa?" "A 7600GS é o suficiente pro que eu quero?" "Por que a 7800GT é melhor que a 8400GS?"

Alguns entusiastas de hardware (ou apenas usuários mais familiarizados com placas da nVidia) podem achar algumas dessas perguntas tolas ou mesmo ridículas, mas elas são muito comuns e até certo ponto compreensíveis. Sim, porque no mercado brasileiro de componentes de informática o que menos há é informação. Vendedores, lojas e até revistas e jornais sobre o assunto enfatizam "nomes", "dados", "características" que eles julgam ser as mais importantes ou que viram outras pessoas julgar; ou seja, é a velha história da "Maria-vai-com-as-outras", disfarçada de senso comum e que nem sempre (ou quase nunca) propaga a verdade.

Pra quem boiou com o que eu falei, aqui vai um exemplo: "Compre esta placa. Ela é de 512MB". Ou ainda "Sim, claro que a 8400GS é melhor que a 7600GS. Ela é de uma série mais recente/o 'número' dela é maior". Julgar uma placa de vídeo pela memória que ela possui ou arbitrariamente pelo nome-código dela são práticas infelizmente bastante comuns e são apenas algumas entre várias armadilhas que encontramos pelo mercado de placas de vídeo.

Mas vamos ao que interessa à maioria de vocês: como entender aqueles benditos códigos das placas de vídeo. Vamos começar pela nVidia, especificamente a família GeForce, que é a que eu mais conheço; e imagino que a maioria aqui também (mas não deixaremos os fãs da ATI na mão. Em breve publicarei um guia para placas ATI família Radeon)

O Código

Bom, vamos à visão geral do código em si. Os nomes-código das placas da nVidia atualmente usam 4 dígitos e 2 ou 3 letras, como "6600GT", "7300GS", "8800GTX". Da série 5 pra trás, havia ainda duas letras, que determinavam a série propriamente dita (ou seja, é equivalente ao atual primeiro dígito – como na série 5 o código passou a incluir um dígito extra, se tornou tão inútil que as letras iniciais foram abolidas). De modo geral, os números designam alguma série de GPUs (processadores gráficos) e as letras indicam uma subclassificação de GPUs muito semelhantes. Veremos adiante que não é "exatamente" assim, mas a idéia é por aí.

Bom, vamos começar a entender o que cada dígito significa.

O primeiro dígito (x---- ---)

Esse dígito indica a série – ou geração – da placa. Como dito anteriormente, equivale às antigas duas primeiras letras, presentes nas séries 2 e 4 (MX) e 5 (FX). Ele indica mais o "nível da tecnologia geral" da série do que qualquer outra coisa. Ou seja, isso não vai indicar que a placa é necessariamente melhor do que outra; apenas dirá que ela é mais recente.

Como exemplo, temos a FX 5200 (série 5), a 6600GT (série 6), a 7800GTX (série 7), a 8500GT (série 8), por ordem de lançamento. Note que apesar de a 8500GT ser mais “recente” que a 7800GTX, seu desempenho não é necessariamente melhor (e não é, como veremos adiante).

Algumas séries existentes, da mais velha para a mais nova:

4 (MX), 5 (FX), 6, 7, 8 e a recém-lançada série 9.

Exceção: A 7100GS é uma exceção a essa regra, já que ela, na verdade, é da série 6 (seu nome original é 6200TC, mas foi rebatizada e "realocada" para a série 7, apesar de não ter as inovações incluídas nessa série).

As versões de Shader de acordo com cada série são:

Shader 1.1: MX4000 (forçado via programa/driver)
Shader 2.0: Série 5
Shader 3.0: Séries 6 e 7
Shader 4.0: Série 8 e 9600GT
Shader 4.1: Ainda sem suporte.

O segundo dígito (-x-- ---)

Ao contrário do que muitos (inclusive vendedores) pensam, esse é o dígito mais importante. É ele que determina a "categoria" da placa dentro de sua série e do "cenário" em que ela é lançada. Esse número classifica a placa em uma das três grandes categorias de componentes: "low-end" (baixo custo e baixo desempenho, para quem quer apenas ter uma placa que mostre uma imagenzinha legal e talvez jogue uma coisinha ou outra), "mid-end" (ou intermediária; é uma placa com desempenho de destaque, para quem quer pagar a mais para ter um bom processador de vídeo dedicado. É recomendada para gamers e para exibição 3D de peso até médio) e "high-end" (as "tops"; são placas de alto desempenho, para quem pode pagar o alto preço delas. São para entusiastas, gamers de maiores condições financeiras ou profissionais que precisam de processamento gráfico mais pesado).

Mas se o número vai de 0 a 9, como identificar como pertencente a um dos três segmentos? Simples:

0 a 5: Low-ends. Como já dito, são placas para aplicações simples ou, no máximo, jogos leves. São as mais baratas, mas com o menor desempenho e, infelizmente, as mais sucetíveis a "armadilhas", como barramentos limitados, memórias de baixa velocidade, componentes baratos e coisas do tipo (o que caracteriza as placas "capadas").

O dígito "0" (zero) é raro, presente normalmente em GPUs "onboard" (vídeo integrado). O dígito "5" é um pouco controverso, pois normalmente tem uma substancial diferença de desempenho em relação às outras low-ends (como a 8500GT, que possui desempenho e características bem superiores às da 8400GS, por exemplo), estando geralmente mais próximas do segmento mid-end (das "intermediárias").

Em dados mais "técnicos", é comum ver low-ends com barramento de memória de 64bits, embora algumas exceções possuam 128bits – e alguns desastres eletrônicos possuem apenas 32bits. Nos motores de sombreamento, é massiva a quantidade de placas que possuem apenas 4 deles (ou equivalente em stream processors, que usam uma contagem diferente). A memória usada é DDR ou DDR2 – raríssimos exemplares usaram GDDR3 (até onde eu lembro, apenas algumas 7300GT, de alguns fabricantes, saíram com memórias GDDR3).

Vale salientar uma coisa: todas aquelas placas ditas "expansíveis" (ou seja, que usam “Turbocache”, comendo uma parte da memória RAM do sistema pra operar) são do segmento low-end, então se a placa é desse tipo, tenha certeza que não é a mais recomendada para jogos.

Exemplos desse segmento: FX5200, 6200, 7100GS, 7300GT, 8500GT.

6 e 7: Mid-ends. Também chamadas de "intermediárias", são as placas que já podem ser recomendadas para jogos ou aplicações que exijam processamento gráfico dedicado. São placas com recursos completamente dedicados (nada de "memória expansível", e estejam gratos por isso) e têm um risco menor de virem "capadas", isto é, com características reduzidas pelo fabricante para cortar gastos.

O ponto forte geral desse segmento é a maior velocidade dos componentes (memórias e GPU), maior poder de processamento e a menor presença de limitadores (os barramentos são geralmente de 128bits, o "padrão" hoje em dia). Em outras palavras, a série intermediária é caracterizada por "placas de vídeo que nasceram pra ser placas de vídeo", mas que não têm a força bruta das high-end. Fazem parte de suas característicais gerais a presença de memórias de alta velocidade (duas ou três vezes a velocidade do GPU), barramento de 128bits e um número "médio" de motores de sombreamento. Placas overclockadas também geralmente começam a aparecer no segmento mid-end.

Na nVidia, o segmento intermediário é famoso pelas "600GT", conhecidas pela sua boa relação custo-benefício. Atualmente existem quatro: 6600GT, 7600GT, 8600GT e 9600GT. Eu pessoalmente recomendo placas dessa linha se você procura uma boa placa para jogos mas não quer vender um de seus rins pra pagar uma placa high-end.

Nota 1: Pela primeira vez, a nVidia começou uma série por uma mid-end, contrariando seu costume de inaugurar usando high-ends (como veremos a seguir). Então a 9600GT foi a "placa inaugural" da série 9.

Nota2: A 7300GT, apesar de ser uma low-end, usa o mesmo GPU da série 7600 (o G73, mas com um clock menor e 4 motores de sombreamento a menos), que pertencia ao segmento mid-end. Isso explica por que ela tem um desempenho tão superior ao das demais low-ends de sua série (ela podia bater até a 6600GT, a mid-end da geração anterior). Ela não deixa de ser uma low-end, mas aqui está a menção honrosa de seu lugar "de nascimento". Isso mostra também que nem sempre placas baseadas no mesmo GPU estão na mesma série - e que nem sempre a mesma série tem os mesmos GPUs.

8 e 9: High-ends. Essas são o "topo da cadeira alimentar". São as melhores entre as melhores, voltadas para alto desempenho, sejam jogos pesados ou processamento gráfico avançado. As high-end esbanjam do bom e do melhor em tecnologia, sendo geralmente as primeiras lançadas dentro de uma série nova (a 6800, a 7800GTX e a 8800GTX foram as primeiras a serem lançadas nas séries 6, 7 e 8, respectivamente; os modelos menores foram lançados em seguida - a exceção, como eu disse, fica para a série 9, que foi aberta pela 9600GT).

O tipo de memória utilizado é o mais rápido disponível (GDDR3 e GDDR4, atualmente, sendo que até o momento a nVidia não lançou placas com GDDR4) e o barramento é de 256bits ou mais, com clocks altos e um grande número de motores de sombreamento. O sistema de resfriamento é, geralmente, especial (já que pelos clocks elevados esses GPUs tendem a aquecer bem mais), e todos os extras no visual são geralmente utilizados, tanto para tornar a placa mais atrativa como pra fazer valer o que elas custam (e sim, elas custam MUITO).

Uma boa parcela dessas placas exige alimentação extra, fornecida por um cabo ligado diretamente na placa de vídeo; e não, sem esse cabo ela não funciona.

Por fim, duas observações importantes: as high-ends exigem uma fonte de alimentação potente (potência REAL), confiável e estável para poderem funcionar. Usar aquela fontezinha “de 400W” que veio no seu gabinete será um grande risco; se a placa conseguir fucncionar, ela ou vai funcionar de forma limitada ou vai pifar o PC quando exigido algum esforço dela – e há casos em que isso pode queimar a placa, a fonte e;ou outros componentes junto. Na dúvida, use uma fonte boa e de potência adequada.A segunda coisa é que essas placas ainda não fazem milagre sozinhas. Não adianta gastar 2 mil reais em uma placa de vídeo high-end se seu PC é aquele capenguinha com placa PC-Chips. Resumindo, tenha um PC à altura, pra não dar o famoso “gargalo” (o PC não acompanha a placa de vídeo).

O terceiro e o quarto dígito (--xx ---)

Esses dígitos raramente são usados. O 4º, particularmente, chega a ser inútil, já que é sempre "0" (zero). O terceiro dígito pode assumir os valores de 0 ou 5, representando uma alteração leve em um GPU de uma mesma série. Um exemplo desse uso foi na série 7900. Depois de algum tempo, foi feita uma edição melhorada dessa série, batizada de 7950.

A ATI, particularmente depois da geração HD3000, começou a dar mais uso ao 3º dígito, que agora assume os valores 5 ou 7, substituindo os nomes "XT" e "Pro". Mas isso fica pro tutorial das placas da ATI, que vou postar aqui depois.

As letras (---- yyy)

Essas letras servem como diferenciação interna entre placas de uma série de GPUs muito próxima. Podem ser duas ou três letras, que obedecem a uma ordem até certo ponto definida. Da pior para a melhor, temos:

XT,LE,SE,GS,[GT,GTS],GTX,Ultra

Note que "XT", na ATI, é o equivalente ao "GT", significando uma das melhores da série. Na nVidia, "XT" representa o pior GPU em uma série. As letras "XT" caíram em desuso pela nVidia a partir da série 7 (foram substituídas pelas letras "LE")

Existe ainda uma última sigla: "TC", que significa "Turbocache" (aquela "tecnologia" que rouba memória do sistema para servir diretamente à placa de video). Ela não está em todas as placas com Turbocache, mas serve para diferenciar GPUs com versões "normais" e "Turbocache". Alguns exemplos são as 6200TC e 6500TC (já que existem 6200 e 6600 com memória dedicada).

Dentro de cada segmento (low, mid ou high-end) algumas letras são mais comuns que outras. Tentando organizar isso, temos mais ou menos o seguinte:

- Low-end: Há uma forte presença das letras LE, e GS, com geralmente apenas uma placa com as letras "GT"; essa geralmente representa a placa low-end mais próxima do segmento intermediário (como a 7300GT e a 8500GT). Há ainda SE (só conheço uma: a 7300SE, que é uma 7200GS com outro nome) e XT. TC só existe nesse segmento, também.

- Mid-end: Geralmente há apenas duas placas nesse segmento. Uma “normal” e uma GT, uma GS e uma GT ou uma GT e uma GTS.

- High-end: É o único segmento a usar "GTX" e "Ultra". Geralmente possui ainda uma "GT" e uma "GS" ou "GTS".

Existe uma sigla especial, usada em placas com dois GPUs: GX2. Oficialmente, existe apenas uma placa desse tipo: a 7950GX2, que usa duas 7950 (com os clocks devidamente reduzidos, por questões de aquecimento) em um único slot. Já está previsto o lançamento de uma GX2 da série 8.
Por último, uma observação: essas classificações são válidas apenas dentro da série, e no tempo em que ela foi lançada. Isso significa que não adianta achar que uma 5900 Ultra vai continuar sendo considerada uma "High-end" nos dias atuais, ou ainda que uma 8500GT – atualmente uma low-end – vai ser necessariamente pior que uma 6600, uma "mid-end" na sua época de lançamento. Esses segmentos aqui descritos são apenas a classificação interna de cada série, e cabe ao gamer fazer uma pesquisa sobre que placa será mais adequada às suas necessidades, ao seu poder aquisitivo e à época em que ele está.

Uma observação: Essa nomenclatura é apenas para placas GeForce (e Geforce Go). A nVidia fabrica outras séries, como a Quadro (de edição 3D profissional) e a Tesla, (de processamento central) que seguem uma nomenclatura diferente.

[Pra quem tem preguiça, pros tempos atuais eu recomendo a 8600GT ou a 9600GT. Se você tem grana, uma 8800GT]

Quer uma tabela com todos os modelos mais atuais de placas da série GeForce lançadas?
Visite este artigo do Clube do Hardware. (há apenas um erro nessa tabela: a 7300GT é mostrada como "TC", quando na verdade não é).

9 comentários:

Anônimo disse...

Olá, voce nem imagina o quanto me ajudou pretendo montar aos poucos uma máquina melhor que atual, AMD Semprom 2300+ 1.58 GHz na época parecia uma Ferrari, mas ainda não pretendo vender um rim, vou ficar com a sua sugestão da placa de vídeo 8600 GT a mais viável, agora vou ler mais sobre o Processador e a Placa Mãe valeu mesmo!!

Anônimo disse...

VALEU PELA INICIATIVA

Anônimo disse...

Cara!
Ótimo tutorial!!!!!!!!!

Parabéns mesmo!

Feral disse...

Valeu mesmo, pessoal xD

Anônimo disse...

òtimo tutorial, me ajudou pra caramba.

Anônimo disse...

Ótimo tutorial, tenho uma nVidia GeForce 8600 GT e estou muito satisfeito com o seu desempenho em jogos.

Lê-Gaúcho disse...

Como eu disse já no tópico das ATI, meus parabéns, tópico mt bom.

Vlw e Deus abençõe.

Jonas disse...

Caramba, belo tutorial! Só faltou mencionar os preços em média, mas ta ótimo.

Blogger Nolasco disse...

Sei que o tópico é meio antigo mas achei oportuno,ai vai.
Atenção!!
Só para contribuir. Ha um fator importante a ser ressaltado quanto as placas na Nvidia que diz respeito ao fabricante: XFX, ZOGIS, ZOTAC, ASUS...No meu caso tenho uma XFX GF9600GT 600M 512MB GDDR3 128 Bits. Até ai tudo bem, só que para minha surpresa ao abrir a caixa descobri que ela não tinha alimentação externa, ou seja direto da fonte e o cooler era bem diferente do que tinha visto na net de uma 9600GT XFX. Pesquisando descobri que existe um código que faz toda a diferença ao se comprar uma placa destas e é ele que define se a placa é "capada" ou não - PV-T96G-YGF3 - PV-T96GF3 (no caso da minha e assim por diante, segundo vi no site da Nvidia existem 9 modelos diferente para mesma 9600GT. Sege ai um tópico da Adrenaline que fala mais sobre isso.
Espero tercontribuido.
Abraço.
http://adrenaline.uol.com.br/forum/placas-de-video-e-monitores/264214-alerta-placas-capadas-comparacao-9600gt-xfx.html