domingo, março 02, 2008

Guia de nomenclatura de placas: ATI

Bom, depois do guia de placas da nVidia, agora chega a vez das ATI, precisamente as placas da série Radeon. Pros que viram o guia anterior, vai ter pouca novidade; afinal as duas, apesar de serem marcas diferentes, se enfrentam diretamente, então é natural que gostem de manter uma nomenclatura semelhante, que facilite a comparação e o confronto direto entre as duas. Contudo, todavia, porém, há algumas diferenças importantes, como a forte presença de placas remarcadas, placas de uma série em outra, uma separação diferente das placas “capadas” e a curiosa mania de misturar categorias.

Bom, vamos ao que interessa.

O Código

Assim como na nVidia, o código consiste geralmente de quatro dígitos (com uma exceção, que eu vou descrever mais adiante) e, opcionalmente, duas ou três letras no final, sendo que algumas séries têm ainda duas letras no início, como parte do nome de sua geração. A função é a mesma do código descrito no artigo passado: denominar o segmento em que a placa está inserido (low-end, mid-end e high-end) e compara-las internamente em desempenho, além de diferenciar placas de gerações diferentes.

O primeiro dígito (x--- ---)

O engraçado é que aquele X ali em cima realmente existe. Na ATI, essa primeiro dígito também denomina a “geração”, a “série” da placa. A diferença é que um número maior não necessariamente indica uma placa mais recente, por um motivo simples: a ATI já passou da “série 9”. Como não dá pra representar, em um dígito, um número maior que 9 no sistema decimal, o jeito foi voltar pro “1”, mas incluindo letras na frente pra ajudar a indicar a série – e com um detalhe: a série “10” recebeu o “X” no lugar do primeiro dígito, restando apenas três números. Na geração seguinte, o X foi mantido, mas o número voltou a ser de 4 dígitos. Depois, o “X” foi substituído por “HD”, marcando o começo da série focada em exibição de alta definição (suporte HDMI e coisas do gênero) “HD2000”, precedida pela “HD3000”.
Um problema desse dígito na ATI é que nem sempre ele pode significar que uma placa é daquela determinada geração. Isso porque a ATI tem o costume de remarcar placas antigas com nomes novos, mantendo-as mais tempo no mercado e “reposicionando-as” dentro de suas séries mais novas. Isso acontece, por exemplo, com a X1050, que é uma X300 remarcada; note que, com isso, a X1050 não oferece suporte a shader 3.0, característica presente apenas nas outras placas da série X1000, e ainda assim ela recebe o mesmo “indicador de série”.
É basicamente a mesma coisa que a nVidia fez ao remarcar a 6200TC como 7100GS, mesmo sendo baseada no GPU NV44 (que não traz as melhorias presentes na série 7). Só que na ATI isso é bem mais freqüente.
Algumas séries existentes, em ordem da mais velha para a mais nova:
8000, 9000, X, X1000, HD2000, HD3000.

A propósito, o guia de versões de shader de acordo com a série é:

Shader 1.4: Série 8000 (a partir da 8500), Radeon 9200 e 9250.
Shader 2.0: Série 9000 (menos 9200 e 9250) e série X
Shader 3.0: Série X1000 (menos X1050)
Shader 4.0: Série HD2000
Shader 4.1: Série HD3000



O segundo dígito (-x--- ---)

A função desse dígito é classificar a placa entre os setores de destino, entre low-end, mid-end e high-end. Isso serve pra dizer se a placa é de “baixo desempenho e baixo custo”, “intermediária” ou “de alto desempenho”. Ou seja, é a mesma função do segundo dígito na nVidia. Mais uma vez, a variação é de 0 a 9, sendo de 0 a 5 as low-end (e o dígito 5 é a transição para as intermediárias), 6 e 7 as mid-end e 8 e 9 as high-end. Há alguns detalhes aqui, porém: há casos de “invasões” de categoria; geralmente “low-ends com códigos de mid end” (como a X1600 “pura”), e mais recentemente uma “high-end pra concorrer com mid-ends” (o bizarro caso da HD3850, que está concorrendo contra a GeForce 9600GT); além das já citadas remarcações.

Mais uma vez, uma breve descrição de cada segmento:
0 a 5: Low-end. Na ATI, até o número “0” é utilizado, marcando a placa mais fraca daquela série, enquanto que o 5 continua a marcar a placa low-end mais próxima do segmento intermediário. Assim como na nVidia, é imensa a quantidade de placas nessa categoria. Infelizmente, também nesse segmento vemos uma grande quantidade de placas “capadas”, isto é, placas com memória “compartilhada” (conhecida também como “expansível”, “tecnologia” chamada pela ATI de HyperMemory e equivalente ao TurboCache da nVidia), clocks baixos, memórias inferores (normalmente DDR ou DDR2) e barramento de 64bits [e aqui vale um adendo: a ATI costumava marcar as placas de 64bits com as letras “SE” no final. Nas séries HD2000 e HD3000, todas as placas do segmento low-end com dígito 4 são de 64bits). Assim como na nVidia, essas são placas recomendadas apenas para exibição de vídeos e 3D leve ou para ter mais monitores disponíveis /suporte a monitores de alta definição, mas nada de jogos pesados ou edição 3D profissional.
Exemplos de placas desse segmento: 9200, X550, X1300XT, HD2400Pro, HD3450.

6 e 7: Mid-end. O segmento intermediário. Infelizmente, na ATI esse segmento ainda é bastante invadido por remanescentes do segmento low-end (o que inclui até mesmo remarcações, como a X1650, que é uma remarcação da low-end X1300XT). Dentro de uma mesma série de GPUs pode haver uma grande diferença interna, como nas X1600 e X1650 (que tinham sempre 3 tipos de GPU, como “X1600”, “X1600Pro” e X1600XT”, sendo as "sem letra" muito piores que as "XT"). Placas desse segmento podem vir com memórias GDDR2 ou GDDR3, mesmo que tenham exatamente o mesmo GPU, então preste bastante atenção, já que memórias GDDR3 são bem mais rápidas (atingem clocks bem mais altos) que GDDR2. Felizmente, na ATI não há muito risco de pegar mid-ends com barramentos de 64bits (até o momento, são sempre de 128 bits, exceto algumas "sem letra" e SEs); e a memória dessas placas é quase sempre dedicada (são poucos modelos com “HyperMemory”). É nesse segmento ainda que começam a aparecer memórias GDDR4 (presentes atualmente apenas em modelos específicos da HD2600XT e da HD3670).
Em geral, as intermediárias já são recomendadas para jogos e edição 3D leve e possuem uma excelente relação custo-benefício.
Por possuírem um maior consumo elétrico, o ideal é que sejam usadas em fontes de potência real.
Dentro das mid-end, as “600XT” são geralmente as mais recomendadas, por serem boas escolhas para jogos e por ainda assim não serem muito caras. São concorrentes das “600GT” da nVidia. São dessa linha as “9600XT”, “X1600XT”, “X1650XT”, “HD2600XT”, “HD3670” (seria uma “3600XT”, mas seguindo a nova nomenclatura da ATI, que vou explicar depois)
São exemplos desse segmento: 9600XT, X700, X1650Pro, HD2600Pro, HD3650.

8 e 9: High-ends. Mais uma vez o segmento das poderosas. Aqui estão as melhores placas para jogos (e que podem ainda ser usadas em aplicações 3D mais pesadas), para quem pode pagar seu elevado preço. Usam memórias de alta velocidade e GPUs potentes, com várias unidades de sombreamento (ou unidades dinâmicas, se tratando das placas a partir da série HD2000) e clocks elevados, além de elevado consumo elétrico (o que acaba por exigir fontes potentes, na faixa dos 450Watts reais ou mais, dependendo do resto da configuração).
Especificamente no tipo de memória, há uma forte presença de memórias GDDR3, mas a partir das X1000, começaram a aparecer ainda memórias GDDR4. Os barramentos geralmente são de 256bits pra cima, com presença de modelos com 512bits. A quantidade de memória também é geralmente grande, com no mínimo 256MB e um máximo de 1GB de memória (em algumas edições, e geralmente de modelos mais recentes).
Fazem parte desse segmento: 9800XT, X800GTO, X1900XTX, HD2900XT, HD3870.


O terceiro e o quarto dígito (--xx ---)

Aqui entra um importante diferencial. Tudo bem, o 4º dígito ainda é inútil (é sempre "0"), servindo apenas pra deixar o código “mais bonitinho”, mas o 3º dígito tem uma utilidade bem maior, especialmente a partir da geração HD3000, quando a nomenclatura da ATI mudou.
Da geração HD2000 para trás, o 3º dígito possui uma utilidade parecida com a do 3º dígito nos códigos da nVidia, com a diferença de que ela está presente não apenas em leves revisões nos GPUs, mas em atualizações da série e remarcações (como a X1650, que inclui uma revisão de algumas placas X1600 e uma remarcação da X1300XT).
Falando de outro modo, esse dígito mostra que a placa é diferente da anterior, só que não o suficiente pra ser uma nova série. Lembrando que isso vale apenas pra placas de GPU "coincidente" (como X1600Pro e X1650 Pro, X1600XT e X1650XT, X1900XT e X1950XT...). Como eu disse, isso é bem mais frequente na ATI do que na nVidia.

A partir da série HD3000, o terceiro dígito substituiu os nomes "Pro", "XT" e "XTX". Agora "5" significa "Pro" e "7" significa "XT". Aplicando na prática, é como se a HD3650 fosse uma "HD3600 Pro" e uma HD3870 fosse uma "HD 3800 XT". Isso ajudou a "simplificar" mais a nomenclatura das placas.


As Letras (---- yyy)

Em desuso a partir da série HD3000, as letras têm a função de diferenciar placas de uma mesma série de GPUs bem parecida (possuindo o mesmo "nome"). Geralmente há duas "placas base", uma com as letras "Pro" (indicando a mais fraca) e uma com "XT" (indicando a mais forte). Há ainda as placas "sem letra" (chamadas por aí de "Series", "puras" ou "normais"). Lembrando que "Series" obviamente vem de "série", então isso costuma enganar vários compradores, achando que estão comprando, por exemplo, uma X1650XT só porque a placa tem "Seire X1650"; e nesse caso específico, é comporar gato por lebre, já que a X1650 é apenas uma X1300XT remarcada (as duas são baseadas no GPU RV530Pro / Pro2).

Bom, vamos a uma listagem mais organizada, pra entender melhor:

Da pior para a melhor: "SE, sem letra ("Series"), XL, GT, GTO, Pro, XT, PE, XTX."

Dentro de cada segmento (low, mid ou high-end) algumas letras são mais comuns que outras. Tentando organizar isso, temos mais ou menos o seguinte:

Low-end: Atualmente as mais comuns são Pro e XT, podendo haver ainda as "Series" ("normal", sem letra no final). Há ainda as SEs e HMs, que serão descritas mais abaixo. As HMs só existem no segmento low-end, pelo menos nominalmente.

Mid-end: Geralente só são usados "Pro" e "XT", ou então letra nenhuma ("series").

High-end: XL, GT e GTO eram usados em placas mais antigas, assim como as Platinum Editoon (PE) e as "capadas" SEs. Aparecem com frequência as letras "Pro", "XT" e XTX", além da sigla especial "X2"

Siglas especiais:

SE: Significa geralmente uma placa capada por essência. O barramento é sempre de 64bits (exceto para high-ends SE, que podem ser de 128 ou 256bits) e os clocks são mais baixos ou, no máximo, iguais aos da "Pro" ou da "sem letra". São placas mais baratas e com desempenho pior que o normal.

HM: Hyper Memory. É equivalente ao "TC" (Turbo Cache) da nVidia. São placas que "sugam" memória RAM do sistema pra usar como memória de video, complementando a memória interna delas (que geralmente é bem pequena). São as famosas "placas expansíveis", que eu pessoalmente não recomendo (geralmente o barramento é de 64 ou mesmo 32bits e o desempenho é sofrível em jogos).

X2: Equivalente ao "GX2" da nVidia. É uma placa que traz dois GPUs dentro dela. Atualmente o único exemplar desse tipo é a HD3870X2.


Tem ainda uma observação: essas classificações são válidas apenas dentro da série, e no tempo em que ela foi lançada. Isso significa que não adianta achar que uma 9800XT vai continuar sendo considerada uma “High-end” nos dias atuais, ou ainda que uma HD2400XT – atualmente uma low-end – vai ser necessariamente pior que uma X550, uma “mid-end” na sua época de lançamento. Esses segmentos aqui descritos são a classificação interna de cada série, e cabe ao gamer fazer uma pesquisa sobre que placa será mais adequada às suas necessidades, ao seu poder aquisitivo e à época em que ele está.

Vale frisar novamente ainda que a ATI tem o péssimo costume de remarcar placas (pegar placas mais antigas e remarcar com novos nomes sem alterar quase nada), então redobre a atenção nesse sentido.

Por último, essa classificação é apenas para placas Radeon (que é uma série de placas da ATI). Existem ainda outras séries, como a FireGL (para processamento gráfico 3D profissional) e a MobilityRadeon (para notebooks), que usam outras nomenclaturas (a da Mobility Radeon lembra a das Radeon, mas com uma definição menor na série, enquanto a FireGL usa uma nomenclatura completamente diferente).

Se quiser uma tabela com os modelos das Radeon a partir da série 9000 até as mais atuais, visite este artigo do Clube do Hardware.

Bom, isso encerra os artigos de nomenclaturas de placas. Desculpem pelo atrado desse artigo, mas é que realmente o horário das faculdades anda bem mais apertado do que eu esperava, então a frequência de postagem agora será semanal (postarei sempre nos fins de semana).

Agradeço ainda pela divulgação que estão fazendo do blog, já que venho notado um considerável aumento no contador de visitação

No mais, até a próxima postagem!

Um comentário:

Lê-Gaúcho disse...

Cara, li os 2 tópicos qtu fez, são realmetne mt úteis (me impressionei q ningupem tinha comentado até agora XD).

Vlw mesmo e Deus abençõe.